sexta-feira, 29 de junho de 2007

#50 - Tim Maia Passional


"Quando o inverno chegar...
eu quero estar junto a ti"
Tim era intenso ao ponto de colocar uma foto de Johnny Depp na capa de seu disco de estréia, "Tim Maia", de 1970, como pode ser conferido acima.

Apesar do grande alvoroço em cima da "redescoberta" dos dois volumes de Tim Maia Racional, gravados em 76 e 77, sabe-se muito bem que, das duas, a personalidade mais marcante de Tim era, sem sombra de dúvidas, a Passional. Tim Maia era A Paixão em estado de ebulição. Seus dois anos sem fumar, beber e cheirar, pregando o Universo em Desencanto e tentando vender seus próprios discos no sinal da Lagoa com Lagoa-Barra foram algo de totalmente efêmero.

Não se pode negar que a Fase Racional seja válida, pois produziu discos de soul/funk dos mais swingantes e da melhor qualidade técnica, além de nos brindar com a comicidade não-intencional das letras de pregação de uma seita ufóloga bizarra - que era tudo menos racional. No entanto, ainda assim, trata-se de rios fugazes de concentração e abnegação num oceano de emoção incontinda. Logo após sua desilusão, Tim tiraria Racional de circulação e renegaria a seita, declarando: "perdi muito tempo e dinheiro com esta merda."

O grande inventor do Soul Brasileiro - o mesmo que dizer "inventor do Amor Brasileiro" - foi um talento precoce. Cantor, compositor e arranjador, ainda na adolescência tocava bateria e ensinava violão para Roberto e Erasmo, que compunham com ele a banda Os Sputniks. Aos 17, se mandou para os Istaite, onde teria se tornado a maior revelação da Motown se não tivesse sido preso e deportado por uso de bagulho. Ao voltar, reza a lenda, teria presenteado todos os funcionários de uma grande gravadora brasileira, do presidente ao ascensorista, com um LSD, prometendo que iam gostar.



Mais tarde, depois do desencanto com a Universo, do final dos anos 70 em diante, resolveria colocar todo mundo para dançar, no melhor climão possível. Com Descobridor de Sete Mares, ensinou Lulu Santos com quantas formas de amor se faz uma festa. No decorrer do tempo, totalmente entregue aos vícios, parou de comparecer aos próprios shows, apesar de ainda trabalhar bastante no estúdio e lançar muitos discos nos anos 90. Em 1998, morreu no Theatro Municipal de Niterói, enquanto gravava um especial.


3 comentários:

Anônimo disse...

O bigode de Sebastião atravessou décadas, drogas e religiões sem perder o ritmo.

A groovin mustache!

Bernardo Esteves disse...

Grande Tim! Bigode imortal.

Vale registrar que a música "Primavera" não é dele, mas do Cassiano, um grande chapa dele - outro ídolo de bigode merecedor de um verbete.

graziipa disse...

E eu que passei anos da minha vida achando que Do Leme ao Pontal se cantava assim: Do where I go down? Where are we down? Do where we´re go down?

E o pior é que eu continuo cantando a minha versão, negligenciando toda sua falta de sentido.