segunda-feira, 22 de outubro de 2007

#125 - Hulk Hogan - o bigode enquanto marco histórico, geopolítico e cultural


Os anos 80 nos Estados Unidos ficaram erroneamente conhecidos como a Era Reagan mas, na verdade, a figura mais emblemática da década foi mesmo a de Mr. Hogan, um grande homem que aparecia em Rocky III e detinha os direitos de subir no ringue ao som de Eye of the Tiger. A mudança de caráter, ascensão e decadência desse grande bigode - descolorido, ridículo, épico - da luta livre se confunde com os rumos da humanidade e do bigode, nesse período de transição e incerteza global.

O problema é que Super-Homem, Rocky e outros heróis não tinham bigode
Para entender a carreira de Hogan, é preciso analisar o cenário mundial do momento. A URSS não preocupava tanto, pois Gorbatchev já abrira os trabalhos de dissolução do bloco, regados a vodka e sem hora para acabar, num festão russo batizado "perestroika e glasnost", que seriam as dançarinas de cabaré preferidas do premier. No entanto, surgiam novos pesadelos. Por um lado, o poderio econômico nipônico e, por outro, a instabilidade do Oriente Médio que afetava os suprimentos de petróleo. Esses fatores levariam a uma combinação trágica para os norte-americanos, pois o Japão veio crescendo o olho para cima do esporte e do entretenimento ocidental e comprou Hulk Hogan, a peso de ouro, para lutar em sua liga nacional. Justamente Hogan, que, apesar de impopular por não ser moralmente virtuoso, era o único bigode capaz de enfrentar o impiedoso Iron Sheik, o sunita porradeiro de bigode que assolava a WWF - World Wrestling Federation - e tirava o sono da nação do Norte. Todos sabiam que se o título caísse nas mãos do Sheik, os árabes iam começar a dar as cartas nas negociações de petróleo.


Era preciso forjar urgentemente um ídolo de bigode
Hábil na condução de crises internacionais como um Robert S. McNamara, o novo diretor da WWF, Vince McMahon Jr. - uma espécie de Kleber Leite saxônico - ignorou a "burocracia" de sua própria "federação", convocou e inscreveu Hogan como substituto do finalista que enfrentaria o Sheik pelo cinturão de 83-84. Obviamente, Hulk foi quem entrou no ringue montado no Madison Square Garden lotado para a Luta do Milênio entre os dois bigodes.

A manobra, além de polêmica, era delicada e arriscadíssima, porque exigiu uma mudança na imagem de Hogan e porque gerou a fúria do vingativo dono da AWA - American Wrestling Association - pela qual Hogan havia iniciado sua carreira, como mostra o trecho da wikipedia abaixo:

"Hogan made his return to the WWF at a TV taping in St. Louis, MO on December 27, defeating Bill Dixon. On January 3, 1984, Hogan appeared at a TV taping in Allentown, PA, saving Bob Backlund from a three-on-one assault. Hogan's turn was explained simply by Backlund: "He's changed his ways. He's a great man. He's told me he's not gonna have Blassie around". The storyline shortcut was necessary because less than three weeks later on January 23, Hogan won the WWF Championship, pinning The Iron Sheik in Madison Square Garden. The storyline accompanying the victory was that Hogan was a "last minute" replacement for the Sheik's original opponent, and became the champion by way of being the first man to escape the camel clutch (the Iron Sheik's signature move). He became the first ever Southern-born WWF Champion in history. In Hogan's autobiography, he says that The Iron Sheik told him that Verne Gagne, furious over Hogan's defection from the AWA, had offered the Sheik $100,000 to break Hogan's leg during the title bout, but the Sheik correctly saw the potential for making millions working a feud with Hogan and refused."
Mas, no fim, foi tudo em vão
Com a chegada dos anos 90, as grandes paixões, os grande heróis e os grandes bigodes foram todos sacrificados em prol das posturas politicamente corretas. Apesar de ter libertado o mundo da ameaça árabe representada pelo letal "golpe do camelo" do Sheik, Hogan não teve o reconhecimento merecido. Uma onda de liberalismo-moralista, pregando valores como a não-violência, o não-uso de esteróides e o diálogo em vez do enfrentamento, varreu o sonho de Hogan e, com ele, o status de autenticidade do bigode na era pós-nuclear.

A WWF se reformulou, numa linha de maior preocupação com o meio ambiente, a biodiversidade e o aquecimento global, traiçoeramente aposentou Hulk Hogan e adotou o Panda como seu novo símbolo.

10 comentários:

david butter disse...

Finalmente alguém desvendou a trama.

Anônimo disse...

Hogan lives! É difícil entender como o panda pode ser o símbolo da preservação da vida uma vez que esses ursos não sabem trepar.

Tiago disse...

meu deus! genial!!! genial!!! caralho!!!

Anônimo disse...

Genial. Depois desse post fui obrigado a votar no Ídolos de Bigode no The BOBs. :)

Eduardo Rodrigues disse...

Você republicou o post, seu doente?

Se foi isso, MANDOU BEM!!!

Hulk Hogan é o único que pode nos salvar do aquecimento global!

Anônimo disse...

ele tava órfão de número, perdido entre o 74 e o 75.

Victor

Anônimo disse...

pô, eu votei no pensar enlouquece também.

Victor

Anônimo disse...

só para constar, o Iron Sheik era secretamente treinado pelo vilão Paulo Cintura:

http://idolosdebigode.blogspot.com/2007/05/paulo-cintura-controvrsia.html

Victor

Agência fictícia disse...

muuuito massa..
colocamos um link em nosso blog...
http://pirescavalcantti.blogspot.com
que também é bigodudo, por sinal....

Agência fictícia disse...

tem mais bigodes futebolísticos aki:
http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/0,,MUL155623-4274,00.html

Biro, biro é um belo bigode...