sábado, 29 de março de 2008

#172 - Mulato inzoneiro

Ary Barroso, apesar de figura pra lá de folclórica, não torcia pro Botafogo.

Flamenguista fanático (não vou usar o consagrado "doente" para evitar o pleonasmo), ficou famoso como um dos fundadores da famigerada "Flaprensa", com suas narrações absolutamente parciais, chegando a abandonar o microfone seis minutos antes de terminar a final do carioca de 44, quando seu time se sagrou tricampeão.

Importante notar, no entanto, que a gaitinha que Ary tocava para assinalar os gols durante suas transmissões foi inaugurada no Clássico Imperial: Vasco 7 x 0 São Cristóvão.

Demonstrando a independência em relação à imprensa que marca sua atuação até hoje, a diretoria do Vasco chegou a proibir a entrada de Ary em São Januário, após ser criticada pelo músico. Para transmitir a partida do cruzmaltino contra o Fluminense, Ary subiu num telhado nas vizinhanças e fez a locução usando binóculos.

Como vereador, fez na década de 40 propostas muito à frente do seu tempo, como a coleta seletiva de lixo e a criação de um órgão de defesa civil.

Agora, surpreendente mesmo foi a ocasião da morte deste grande ídolo. O autor de "Aquarela do Brasil" morreu num domingo de carnaval, 9 de fevereiro de 1964, quando na Avenida Presidente Vargas a população carioca aguardava a entrada do Império Serrano, que desfilou com o enredo "Aquarela Brasileira" em sua homenagem.